ESCRITOR, POETA, HISTORIADOR PROFESSOR EDSON JOSÉ BARRETO DOS ANJOS
(Edson Barreto)
A cidade de Paulo Afonso é fogo que arde sem se ver
É um contentamento sempre contente
É um passeio pela última Flor da Lácio, inculta, bela e regional.
Na minha vida, Paulo Afonso estava no meio do caminho
No meio do destino tinha Paulo Afonso.
Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos
Seria como a cachoeira no grotão a soluçar.
Paulo Afonso lembra uma mulher nova, bonita e carinhosa
Que faz a saudade doer sem sentir dor.
Pelas veredas do cangaço, Maria Bonita, mulher macho, sim, senhor
Fez Lampião se render, rendá, olê, mulé rendêra.
Rastejando pelo solo do Raso da Catarina, as vidas secas impressionam
Léguas tiranas bordadas pela mulher simples da Várzea, do Juá.
Senhor Deus de Castro Alves, dizei-me vós, Senhor Deus
Se esse canyon gigantesco é mentira, verdade ou miragem
Comprimindo as águas do Velho Chico em carrancas
Que fazem os guerreiros enfrentarem a batalha
Com armas da paz empunhadas noite e dia
Para clarear o Nordeste com a energia da CHESF.
O pauloafonsino é, antes de tudo, um forte, sertanejo bravo
É um D. Mário Zanetta peregrinando e pregando a fé
Ave Maria! Rogai por nós, Pai Nosso, que estás no céu.
Padre Lorenzo Tori nos lembra a Tapera de Paulo Afonso
De um sonho intenso, um raio vívido de uma infância fugaz, noite se faz.
Assim que o dia amanheceu lá no alto da Serra do Umbuzeiro
Dava pra ver o tempo florir na copa amarelada das Craibeiras
Dava pra ver que os filhos teus não fogem à luta, cassacos tenazes
De uma Paulo Afonso de sonho que já se concretizou. Amém.
Atividades Pedagógicas:
1- Pesquisar, com ajuda do professor, o que é intertextualidade e apontar alguns casos presentes no poema.
2- O texto nos apresenta o nome de algumas pessoas que fazem parte da história de Paulo Afonso, a exemplo de D. Mário Zanetta, Padre Lourenço Tori, Maria Bonita, Castro Alves. Citar o nome de outras pessoas (pelo menos cinco) e relatar a sua contribuição histórica para o município.
CACHOEIRA DE PAULO AFONSO
(Edson Barreto)
Num bramido ensurdecedor
As águas saltam estonteantes
Desafiando a natureza que
Esconde mistérios delirantes
Formam-se véus n'amplidão
Despertando sonhos alucinantes.
Qual fera que fora enjaulada
Num instinto busca a liberdade
As águas desbravam caminhos
Arrebentando-os sem piedade
Saltam num precipício: a cachoeira
Deixando rastros de vaidade.
O Velho Chico se agiganta
Adentrando destino errante
E rasga-se do seu ventre
Numa dor única e cortante
A Cachoeira de Paulo Afonso
Em parto divino e extasiante.
Num toque sutil de inteligência
Neste cenário de contradição
Trava-se um duelo voraz
O homem, a água, a razão
A cachoeira, momentaneamente, silencia
Pra ceder energia à nação.
Neste combate hercúleo em que
O homem desafia a natureza
Buscando a vitória da tecnologia
Brame o rio com destreza
Não há vencido nem vencedor, mas
A vitória de um futuro de certeza.
Eclodindo um canto novo
De um passado de sono profundo
A história tem passo ritmado
Numa dança de sonho fecundo:
Cachoeira de Paulo Afonso
Oitava maravilha do mundo!
Atividades Pedagógicas:
1- Por que, segundo o autor, a Cachoeira de Paulo Afonso é a oitava maravilha do mundo? Quais são as sete maravilhas mundiais?
2- “A cachoeira, momentaneamente, silencia/ Pra ceder energia à nação”, esses versos falam das quedas d’águas que não são mais vistas formando o espetáculo natural que é a Cachoeira de Paulo Afonso; hoje, silenciosa, a cachoeira foi reduzida a uma pequena cascata nos imensos paredões de pedras, resultado da ação humana para a produção de energia elétrica. Pesquisar fotos da cachoeira (com e sem as gigantescas quedas d’água) e fazer um comentário sobre essas situações.
VIVA A POESIA VIVA DE PAULO AFONSO
(Edson Barreto)
Paulo Afonso
Cidade menina
Saudade nordestina
Pérola pequenina
Que, gigante, fascina.
Paulo Afonso
Do São Francisco cristalino
Do coração de menino
Destino pequenino
Que nunca é desatino.
Paulo Afonso
Da cachoeira rouca
Da sensação louca
Da insensatez pouca
Do coração que espouca.
Paulo Afonso
Redenção do Nordeste
Temperamento agreste
Sol valente que se veste
Amor infindo que se investe.
Paulo Afonso
Centenária Tapera
Amor que se esmera
Encanto que espera
O coração que acelera.
Paulo Afonso
Que é pura energia
Que pulsa a Bahia
Que é só confraria
Que nunca contraria.
Paulo Afonso
De sol, rio e beleza
Respirar ar e natureza
Canyon, pesca, realeza
Pedra, cascata, força, fortaleza.
Paulo Afonso
Do raso, profunda literatura
Raça que se mistura
Paulo Afonso, poesia pura
Paulo Afonso, amor sem cura
Paulo Afonso, amor, loucura.
Atividades Pedagógicas:
1- Paulo Afonso é uma cidade que tem um vasto campo de literatura, pois, são vários escritores que têm trabalhos publicados. Pesquisar, em equipe, sobre alguns desses escritores: fazer uma pequena biografia e escrever trechos de textos em cartazes (que poderão ser recitados no dia da apresentação dos trabalhos).
2- A quarta estrofe do poema utiliza o título de Redenção do Nordeste para ressaltar a importância do município de Paulo Afonso no cenário regional e nacional. Qual seria essa importância no processo econômico nordestino e brasileiro?
DAS SAUDADES DE PAULO AFONSO
(Edson Barreto)
Saudade não se descreve, apenas se sente.
Paulo Afonso não se descreve, apenas se sente.
Mulungu, Tapera, Libanesa, Cetenco, Chafariz.
Um enorme muro de pedras cortava a cidade ao meio
Enorme cicatriz que dividia seres humanos.
O Abrigo se foi, o Roda Viva fechou
Adega da Rainha não existe mais
Bem como a minha infância distante.
Ninguém canta mais no Coliseu Show.
Dom Mário e Padre Lourenço se despediram
Para sempre e deixaram suas obras e sermões
Eternos na melodia chorosa dos sinos.
O Rio São Francisco não passava por baixo
Desta ponte, cavaram, cavaram e
Ele mudou o seu destino, serpenteando a
Cidade para formar uma ilha.
A Casa Pesqueira, A Cachoeira dos Tecidos
A Cadeia de Pedras, Cine Palace,
Todos se foram, naufragaram nas águas
Do passado que emergem nossas saudades
Que são sentidas e sentidas são vivas.
A voz de Gilberto Leal, as fotos de Zé Miron,
Os discursos de Abel, a retórica de Adauto Pereira
Os anúncios da Mira Mar, a Rádio Poty
O IMEAPS e o CIEPA na Baixa Funda
A entrada da cidade, próxima ao quartel
Não os vejo, não os ouço. Tudo sumiu? Tudo calou?
A sirene da CHESF emudeceu, os cassacos
Procuraram outros nichos, outras construções, e
As mulheres que entregavam leite com uma
Vasta saia sobre a calça comprida
E um lenço amarrado na cabeça, que fazem hoje?
Perderam seus fregueses? E o pão que era vendido
Nas bicicletas de três rodas que tinham uma enorme
Caixa de madeiras na frente, pela Rua da Frente
Por onde pedalam os sorridentes pãozeiros?
Em que ferro velho foi parar o Papa-filas que
Levava estudantes para as escolas?
Minha Paulo Afonso do passado hoje
É um quadro na minha memória,
E como dói olhar para esse quadro na
Parede da imaginação real da saudade
Que responde pelo nome de Paulo Afonso.
Atividades Pedagógicas:
1- Fazer um painel fotográfico da cidade de Paulo Afonso ontem e hoje. Os painéis deverão conter frases explicativas sobre as fotos.
2- O texto “Das Saudades de Paulo Afonso” apresenta nomes antigos de bairros da cidade que hoje recebem outra denominação, cita-los e dizer os nomes atuais.
MARIA DE PAULO AFONSO
(Edson Barreto)
Maria da Tapera de Paulo Afonso
Assim como tantas Marias do sertão
Nasceu numa casinha de paredes de barro
Sopapada sobre varas finas
Na caatinga espinhenta da
Malhada da Caiçara, no dia oito de março
Dia Internacional da Mulher Maria.
Quis o destino tornar a
Menina pobre, pobre Maria
Em rainha de um império sangrento
Plebeia Maria.
Maria, Maria, forte como o impacto
Das águas da Cachoeira do Sumidouro
Nos barrancos pétreos de Forquilha.
Bonita Maria como a madrugada
Bonita como a natureza
Orvalhando lágrimas no Velho Chico
De Paulo Afonso, Viche Maria!
Súdita Maria de um
Rei cego de mira certeira
Que encontrou a morte na paixão
A hostil Morte-Maria cuspindo
Balas e bordando a madrugada em
Tom vermelho e pranto
Nas pedras de um angico de sombras
A pronunciar Ave Maria, cheia de graça!
A hora chegou pra Maria!
Maria degolada na madrugada fria
De 28 de julho de 1938
Nesse mesmo dia, vinte anos depois
Deu-se a Emancipação de Paulo Afonso
Paulo Afonso de Maria.
Maria do Cangaço
Maria da Cachoeira
Maria da Terra da Energia
Maria de Déia
Maria do Capitão
Maria mãe de Expedita
Maria Santinha
Maria de Zé de Neném
Maria da Tapera de Paulo Afonso
Maria de Lampião
Maria Gomes de Oliveira
Maria, bonita Maria
Maria, bonita como canta a água
Maria Bonita
Maria do sertão de Lampião!
Atividades Pedagógicas:
1- O texto faz uma referência à Maria Bonita, companheira do temível cangaceiro Lampião. O cangaço foi um fato histórico ocorrido no sertão Nordestino. Nessa época, Paulo Afonso não era ainda uma cidade e o que hoje são os seus povoados pertenciam à cidade de Santo Antônio da Glória. Maria Bonita nasceu na Malhada da Caiçara, hoje, povoado do emancipado município de Paulo Afonso. Comentar sobre o tema: Cangaço, movimento de heroísmo ou banditismo?
2- Há uma intertextualidade no poema com a letra da música de Luiz Gonzaga, cujo título é Maria Cangaceira. Pesquisar a letra da música e fazer comentários sobre ambos os textos.
RIO SÃO FRANCISCO
(Edson Barreto)
Lá nas Minas Gerais, a Serra da Canastra
Faz brotar tênue gota d’água cristalina
A percorrer o solo formando vales profundos
E num mavioso assombro o rio se descortina.
E num mavioso assombro o rio se descortina
Vigiando pelo voo da garça errante
Adentra o tórrido sertão do Nordeste
Apresentando-se perene num sol torturante.
Apresentando-se perene num sol torturante
As águas espadanam-se na ribanceira
Lapidando a beleza de Paulo Afonso
Na dança mística e insana da Cachoeira.
Na dança mística e insana da Cachoeira
O homem arma-se com grilhões da engenharia
Faz o rio contorcer-se e mudar o destino
Levando aos lares do Nordeste a energia.
Levando aos lares do Nordeste a energia
Onde se erguem hidrelétricas colossais:
Paulo Afonso, Três Marias, Xingó, Itaparica
Gigantes de concretos e cimentos fenomenais.
Gigantes de concretos e cimentos fenomenais
Nas vertentes d’água do Velho Chico erigidos
Deixando rastros de esperanças para o brasileiro
Que veste o futuro com certeza e brio aguerridos.
Que veste o futuro com certeza e brio aguerridos
Mergulhados em águas de lendas e cantos
CHESF, balsas, gaiolas, pontes, carrancas
Cenário: o homem, a natureza, os encantos.
Cenário: o homem, a natureza, os encantos
Entranhando canyons, caatingas, o agreste
Tornando fértil a terra d’antes árida
Rio São Francisco, Opará, orgulho do Nordeste!
Rio São Francisco, Opará, orgulho do Nordeste!
Deságuas no atlântico em êxtase total
Fecundas a natureza de belezas mil
Desfraldas a pátria num pedestal
Rio São Francisco, orgulho do Brasil!
Atividades Pedagógicas:
1- Retirar trechos de letras de músicas que citam o Rio São Francisco e fazer um breve histórico sobre esse patrimônio do Brasil que deságua no Oceano Atlântico.
2- Rio São Francisco, Opará, Velho Chico. Qual a origem desses nomes? Qual a relação que há entre a carranca, os pescadores e o rio?
PAULO AFONSO, CIDADE LUZ DO SERTÃO
(Edson Barreto)
Cidade sol, cidade água, cidade vida, cidade luz.
Início do Século XVII, Garcia D’ávila
Desbrava o Rio São Francisco e chega
Numa terra de encantos e cantos.
Em 1725, Paulo de Viveiros Afonso
Recebeu uma sesmaria que abrangia
As terras da Cachoeira conhecida
Pelo nome de Sumidouro.
O iluminado Delmiro Gouveia, em 1913
Iluminou sua indústria têxtil
Com a Usina de Angiquinho
A primeira do Nordeste do Brasil.
O presidente Getúlio Vargas assinou decreto
Autorizando o funcionamento da
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, 1948.
De um parto imorredouro, em 1958, a mãe Glória
Dá à luz, nasce o município de Paulo Afonso
De autoria paterna de Abel Barbosa.
Oásis do Sertão, Redenção do Nordeste
Capital da Energia, Cidade Luz do Sertão
Paulo Afonso do Raso da Catarina
Terra de mulheres bonitas, mulheres rendeiras
Que ousaram sua época e puseram as
Vestes do cangaço, desafiando as volantes e o governo
Acorda, Maria Bonita de Lampião
Oche, Lídia de Zé Baiano, eita, Otília dos Poços
Lili do Juá... O dia já tá raiando e a
Polícia já tá de pé. Hora de fazer o café e partir.
Velho Chico das águas tantas
Que tontas formam cachoeiras
Ecoando na imensidão de canyons e grotões.
Paulo Afonso, cidade do futuro
De São Francisco de Assis, da Praça das Mangueiras
Do touro que desafia a sucuri, da mulher
Que adestra o cavalo, do marteleteiro da Praça do Trabalhador.
Paulo Afonso da Bahia e do Brasil,
Terra em que Castro Alves empunha a lira
Na Terra do Condor, condoreirismo romântico
Na vigília da Cachoeira de tantos versos
A gritar que esta terra, Paulo Afonso, é
A cidade luz do sertão, do Brasil e do mundo.
Atividades Pedagógicas:
1- A partir das datas exploradas pelo texto, fazer uma cronologia e descrever os fatos citados enriquecendo os detalhes históricos e geográficos.
2- “Terra em que Castro Alves empunha a lira na terra do condor”, fala o texto. Quem foi o poeta baiano Castro Alves e o que ele escreveu sobre a Cachoeira de Paulo Afonso (citar alguns trechos do poema em que o Poeta dos Escravos faz referência ao Rio São Francisco e às suas quedas d’águas).
EVOCAÇÃO A PAULO AFONSO
(Edson Barreto)
Paulo Afonso...
Havia um muro de pedra que separava
O Acampamento CHESF da Vila Poty
Ainda bem que foi demolido.
Um esgoto a céu aberto
Serpenteando dentro de uma
Valeta de cimento
Atravessava a cidade.
Paulo Afonso... Saudades...
A feira na Rua da Frente
O caminhão de Zé Poção
Passava lentamente pelas ruas da cidade
E hoje atravessa as lentas lembranças
Do meu coração.
A Casa Pesqueira, o Abrigo, a Cadeia de Pedra
O Chafariz, o Creia, as Guaritas...
Cassacos passando apressados
Para construírem o futuro em
Forma de usinas de energia elétrica
De um sonho que já se concretizou.
Mané da Perna Torada e Fedegoso já
Não transitam pelas ruas descalças e
Não ouço as programações da Mira Mar
Que vinham pelos alto-falantes.
Padre Mário e Padre Lourenço
Chefe Abel, o Educandário Brasil
Prefeitos nomeados, a população
Não os elegia, éramos uma
Área de Segurança Nacional.
Os meninos jogavam futebol no meio da rua
E ainda gazeavam aula para praticá-lo.
As meninas brincavam de pular corda
Cantigas de roda e passa o anel.
Roda Viva, Royal Drinks, Embalo Jovem
Coliseu Show, Escola Parque, IMEAPS
CIEPA, COLEPA, Escola do Guri
Desfiles Cívicos garbosos na avenida.
Paulo Afonso... Saudades...
Mulungu, Tapera, Vila CETENCO
Baixa Funda, Dínamo, Tiãozinho
Onde estão os Pivôs (guardas da CHESF)
E as viaturas de polícia de cor azul que
Eram chamadas de Carros da Maguary?
O passado soterrou tudo e o futuro trouxe
Bastantes saudades da querida e adormecida
Paulo Afonso de outrora.
Atividades Pedagógicas:
1- Escolher uma passagem do texto em que descreve Paulo Afonso de outrora e comparar com a cidade de hoje.
2- O texto se refere a um muro de pedra que separava o acampamento CHESF e a Vila Poty. Faça uma entrevista com os moradores mais antigos, para saber a razão de esse muro separar pessoas.
PAULO AFONSO SÓ
(Edson Barreto)
Paulo Afonso em uma nota só
Seria música.
Sertão, carro-de-boi, carne seca, sol.
Paulo Afonso em um só verso
Seria poema.
Glória, Santo Antônio, São Francisco, carranca.
Quanta estrada, quanta poeira, quanta água
Despencando da ribanceira.
Canyon, cachoeira, canoa, reza.
Uma cobra gigante serpenteia a cidade
Com um nome de santo, São Francisco
Da integração nacional, o rio.
Velho Chico, Cidade Luz, Capital da Energia, magia.
Paulo Afonso em um pingo de água só
Seria oceano.
Raso da Catarina, Belvedere, umbu, caatinga.
Paulo Afonso escrito em uma linha só
Seria enciclopédia.
Cassaco, muro de pedra, casebre, Poty.
A história é a mestra da vida
E fez pouso de boiadas no sol que
Abrasa, seca e tonifica o sertanejo
De fibra, da fibra da coragem de luz.
Picareta, pá, dinamite, pedras.
Se somos todos pauloafonsinos
Somos tantos severinos bebendo a bebida
Da Redenção do Nordeste, energia, Bahia.
Pinga, farinha, surubim, pirão, coroa-de-frade.
Paulo Afonso numa palavra só
Seria idioma
De muitos dialetos que se confundem
Na riqueza vocabular de nossa gente.
Assustado, abancar, casa de recurso, beroso
Oxente, licencia, vá puntá, armoço, arvoroço
Distrinchar, joiado, ponche, gabiru
Vá lá acolá, agora vá pra dar uma dor.
Paulo Afonso de Paula, de Afonso, de Alonso
Casa Pesqueira, Pinguim, Suprave, Bom Preço.
Paulo Afonso de um canto só: Tapera.
Paulo Afonso de um aboio só: Sertão.
Paulo Afonso de uma mãe só: Glória.
Paulo Afonso de um pai só: Deus.
Atividades Pedagógicas:
1- Destacar aspectos culturais (comidas e bebidas), geográficos, históricos e da linguagem, do município de Paulo Afonso, presentes no texto.
2- Interpretar os versos: “Somos tantos severinos bebendo a bebida/ Da Redenção do Nordeste, energia, Bahia”. Qual o significado da palavra severinos? A que se refere o termo energia?
CANÇÃO DE UM EXÍLIO
(Edson Barreto)
Minha Canção do Exílio
Que fiz cá
Distante de Paulo Afonso
Coração da Bahia, lá.
Lá eu tenho tudo
Que não encontro cá.
Cá, não vejo a poesia
Que tenho lá.
Paulo Afonso, Nordeste, lá
Cá, destino incerto a navegar.
Sabiá ficou lá
Natureza, primor, beleza.
Minha saudade está cá
Mas mora lá.
Cá, eu ouço a cachoeira
E vejo as catingueiras
Em cismar à noite
Somente quando fecho os olhos
Quero vê-las, lá, de olhos abertos.
O céu de mais estrelas é de lá
A palmeira, o prazer também.
Primores, todas as terras têm
Gorjeios, todos os campos têm
Acontece que amor, infindo amor
Só lá, em Paulo Afonso, é que há!
1- Exílio significa expulsão da pátria em que a pessoa nasceu. O texto não fala em expulsão da pátria, portanto, o que seria esse exílio?
2- A famosa Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, já inspirou diversos poetas a descreverem suas terras e falarem sobre suas saudades. Solicitar que o aluno homenageie em palavras o amor e a saudade que sente pela terra em que nasceu, produzindo um texto em versos.
CACHOEIRA DE PAULO AFONSO: TEUS VÉUS...
(Edson Barreto)
Teus véus... Formam-se no ar
Num espetáculo mirabolante
Vestindo de noiva a natureza
Num cenário de rara beleza.
Num cenário de rara beleza
Salta a água no precipício
Eis o fenômeno: a Cachoeira
Apagando do Nordeste a poeira.
Apagando do Nordeste a poeira
Duas forças digladiam-se:
O homem vertendo a tecnologia
E a natureza que gera energia.
E a natureza que gera energia
No Velho Chico de lendas e carrancas
Onde Castro Alves e seus versos ternos
Ecoam, na fúria da Cachoeira, eternos.
Ecoam, na fúria da Cachoeira, eternos
Atando grilhões de liberdade
Paulo Afonso é sonho que se concretiza
Com homem, máquina, trabalho se realiza.
Com homem, máquina, trabalho se realiza
Tal qual o combate: Touro e Sucuri
Num canyon/furna pisado por Lampião
Do Nordeste Paulo Afonso é a redenção.
Do Nordeste Paulo Afonso é a redenção
Com sua Cachoeira colossal
Espelhada pela imensidão dos céus
Formam-se no ar... Teus véus...
1- Por que, segundo o autor, a Cachoeira de Paulo Afonso apaga a poeira do Nordeste (segunda estrofe) e o que é o véu da Cachoeira?
2- O texto fala de um combate entre o touro e a sucuri (penúltima estrofe). Castro Alves cita esse mesmo combate entre a larga sucuruiúba do infinito e o negro touro de granito. Qual o significado desse combate demonstrado nessas metáforas.
TROCADILHOS PAULOAFONSINOS
(Edson Barreto)
Paulo Afonso, terra de histórias, fonte de energia.
Fonte de histórias, terra de energia, Paulo Afonso.
Paulo Afonso de histórias, terra, fonte de energia.
Terra, fonte, histórias de energia, Paulo Afonso.
Paulo Afonso de energia, luz, futuro de glória.
Futuro de luz, Paulo Afonso de glória, luz, energia.
Paulo Afonso, futuro de energia, luz de glória.
Glória de Paulo Afonso, energia de futuro, luz.
Paulo Afonso, colosso da Bahia, monumento do Brasil.
Paulo Afonso da Bahia, colosso do Brasil, monumento.
Paulo Afonso do Brasil, da Bahia, colosso, monumento.
Paulo Afonso monumento, colosso, da Bahia, do Brasil.
Paulo Afonso da cachoeira, Redenção do Nordeste, orgulho.
Cachoeira de orgulho, Paulo Afonso do Nordeste, redenção.
Paulo Afonso da cachoeira de orgulho, do Nordeste, redenção.
Orgulho de Paulo Afonso, cachoeira da Redenção do Nordeste.
Paulo Afonso de todos os filhos, filhos todos de Paulo Afonso...
1- Após a leitura do texto, interpretar o último verso e mostrar a sua correlação com todo o poema: “Paulo Afonso de todos os filhos, filhos todos de Paulo Afonso...”
2- Promover um concurso de frases (máximo de 10 palavras) em que deverá aparecer o nome da cidade de Paulo Afonso. Explorar as belezas naturais, fatos históricos, cultura etc.
Pessoa maravilhosa de uma riqueza de saberes e conhecedor da literatura pauloafonsina. Parabéns, Professor Edson Barreto!
ResponderExcluirCidade linda...
ResponderExcluir