segunda-feira, 21 de maio de 2018

Poemas Poetisa Socorro Araújo




Pássaro sem asa
(in memoria de Airton Senna)

Não era pássaro,
Mas voou.
Voou para além
Da grande pista
Encontrou o muro...
Puro concreto

Foi um vôo estonteante
Macabro, infeliz
Levou-lhe a doçura
O sorriso... A vida!

Numa velocidade descontrolada
Partiu o campeão.
Em vez de champanhe... sangue
Em lugar do riso... Choro.
Até mesmo a bandeira verde e amarela
Cobriu-se de negro.

Foi-se o campeão
Para longínquas terras
Distantes paragens
Longe de nós.

Partiu o HOMEM
Ficou o MITO
Partiu o PILOTO
Ficou o HERÓI.

(Marajana Araújo)

Sem razão
Socorro Araújo


Minha alma esta inquieta
Fervendo como um vulcão
Sofrendo de saudade
Por uma grande paixão.

Meu coração esta fechado
Por conta de um sentimento sem razão
Um homem desalmado
Roubou-me o coração

Caminho como zumbi
Sem sonho e sem razão
Não tenho mais ilusão
De ser resgatada da escuridão.

Corpo, alma e emoção
Trancados no porão
Sem ver a luz do dia
Nem a alegria da paixão.

Vida triste... Desolação
Passos sem direção
Fogo extinto, sem ação
Por conta de um homem que partiu meu coração.

Uma grande paixão
Foi a minha perdição
Pássaro de asa partida
Agora vive sem ilusão.


SENHOR DA VIDA


De repente, não mais que de repente
Ele se vai, se extingue, suspira.
Num esforço hercúleo para se manter vivo
Agoniza dia e noite,
Luta fervorosamente para viver,
Seus esforços parecem em vão.
A falta de razão e consciência
Do ser humano o destrói diariamente.
Quem é ele? De quem estou falando?
Do senhor da vida,
Daquele que abraça,
Acolhe dezena, centena e milhares de pessoas.
Falo do meu, do seu, do nosso Rio São Francisco.
Aquele que é carinhosamente chamado de Velho Chico
Que alimenta, que ama sem limite,
Que não distingue ricos de pobres.
O Rio da redenção,
Que inunda terras inférteis deixando para trás um rastro de progresso.
O Chico dos nordestinos,
O pai da fartura.
Chico, Chico, Chico...
Não nos abandone
Sua agonia também é nossa
Se você morrer leva consigo toda uma região.
A luta é coletiva,
A sua vida é a nossa vida.
Estamos ligados numa mesma frequência
Chico... Chico... Chico...
Viva você... Viva eu... Viva nós...  (Marajana  Araújo)


Sou Francisco
Já fui forte e vigoroso
Temido e respeitado
Amado e reverenciado
Braço forte no sertão.

Já fui unidade nacional
Apogeu da região
Já fui cantando em versos
Admirado na nação.

Fui menino-adolescente
Homem forte e valente
Fui Chiquinho, Chico, Francisco
Hoje sou apenas o Velho Chico.

Mas, acredite ou não
Ainda sou força pulsante
Alquebrado, mas valente
Sou o Rio São Francisco do sertão!

Meu amigo não duvide
Se tiver chuva o velho fica jovem
O cansaço some e a cobra fuma
O velho Chico volta a ser Francisco.

Sou forte, sou valente
Sou força, sou secular
Sou o Rio da Redenção
Sou o braço forte da Nação!     ( Marajana Araujo)




Verossemilhança
Socorro Araújo

Joguem pedras nos falsos
Prendam os dissimuladores
Denunciem os enroladores e enganadores
Não se deixem embromar pelos idiotas letrados
Mandem para o inferno os doutores hipócritas
Os cínicos sem visão humana
Abaixo os destruidores de mentes.

Joguem pedras nos desumanos
Afastem da sociedade os politiqueiros
Amordacem os inescrupulosos
Queimem os ladroes e assassinos do povo
Não se deixem aprisionar pelo medo
Quebrem as amarras da falsa sociedade
Digam não a escravidão do proletariado.

A vida é muito mais que seu umbigo
A exploração só acontece quando você permite
A compreensão do seu presente te faz forte.
Desmistificando a opressão ocorrera a libertação
Se a vida te der uma segunda chance
Agarre com unhas e dentes essa oportunidade
E defenda seus direitos integralmente.

A fala dos mansos tem poder
Mas, os cordeiros na maioria das vezes,
São lobos disfarçados de cordeiros
Que comem suas vitimas sem piedade
Mas, fingem que não tem nada a ver com isso,
São espertos e perspicazes
Que iludem os incautos e zombam dos inocentes.




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