Clívia Adriele dos Santos. Nasci
em Paulo Afonso, Bahia, onde resido atualmente. Tenho 14 anos, sou aluna do 9º
ano da Escola Municipal São Vicente de Paulo. Desde a primeira infância adorava
manusear, visualizar e decifrar livros de diferentes formas e tamanhos,
constassem neles textos verbais ou não verbais. O meu gosto pela leitura e
escrita aumentou a partir das séries iniciais, sob o estímulo das professoras
de língua portuguesa e redação. Para mim a leitura é um entretenimento que me
faz viajar pelo maravilhoso mundo da fantasia... hoje não só leio, mas produzo
os meus próprios textos.
“Adoro tudo aquilo que me tira da realidade!”
A Garota da Capa Azul é um conto inspirado no clássico: Chapeuzinho Vermelho. Relata
a história de Safira que mora com sua avó em uma floresta cheia de enigmas e
criaturas mágicas. Dentre os capítulos produzidos, embora apresentem desfecho,
há sempre uma margem para a criação de uma nova série. Afinal de contas... para
a imaginação não há limites!
A garota da capa azul
A criatura horripilante
Era uma
vez... uma garota órfã, chamada Safira. A mesma morava com sua avó numa
floresta, situada nas proximidades da cidade de Trier na Alemanha. A região
onde elas habitavam havia poucos moradores, porém, muitas criaturas
enigmáticas.
Safira também
era uma garota misteriosa, pois para viver ali naquele lugar tão sombrio, não
poderia ser diferente. Não tinha medo de nada. Passeava sozinha pela floresta.
A garota
tinha hábitos bem estranhos. Ela saía de casa repetidamente apenas no sexto dia
de cada semana, para espairecer. Antes de sair para passear, vestia uma capa
azul que ganhara da sua avozinha no dia em que completou 10 anos de idade.
Há três anos,
Safira vem seguindo esse ritual estranho de não sair sem sua capa.
Em um dia
chuvoso e com muita neblina, a garota da capa azul preparou uma lancheira, e
como de costume partiu para o passeio. No meio do caminho, Safira escorregou e
machucou o tornozelo. Sentido muita dor, ela percebeu que não poderia ir
adiante, resolveu voltar para casa. Com dificuldade voltou mancando, de vez em
quando sentava- se em uma pedra para descansar e aliviar um pouco o incômodo da
dor. De repente, do interior da mata, ouve-se um forte uivo. A menina
assustou-se e sem poder correr, escondeu-se atrás de uma enorme pedra que ali
havia. Ficou na expectativa querendo
descobrir do que se tratava. Uma sombra gigante espalhou-se a sua frente. Pela
primeira vez teve medo, mas conteve o desespero e ficou quietinha, observando e
pensando no que faria para escapar daquela situação.
A sombra era
de um lobisomem. Aquele ser estava cansado e encostou-se na pedra onde Safira
estava escondida. A garota da capa azul ao ver um pedaço de madeira, não pensou
duas vezes, pegou-o e deu-lhe uma paulada na cabeça. Bateu-lhe com tanta força
que sangrou. A horripilante criatura caiu desacordada. Safira aproveitou a oportunidade
e mesmo mancando fugiu para a sua casa. Chegando em sua residência, contou tudo
para a vovozinha.
A avó de
Safira, uma senhora muito experiente, logo deduziu que se tratava de um ser humano
amaldiçoado, pois não era comum transformar-se em lobisomem em plena luz do
dia, mas apenas nas noites de sexta-feira. Pediu a neta que a levasse até o
local onde tudo ocorreu. Chegando lá, o lobisomem havia sido transfigurado na
imagem de um belo moço. Ainda desacordado, a avó verificou o ferimento na
cabeça do desconhecido com a ajuda da neta, conseguiu arrastá-lo até em casa
para cuidar do machucado.
A avó de
Safira sabia que graças ao sangramento provocado pela paulada o feitiço havia
sido desfeito.
Quando o moço
acordou percebeu que a maldição havia sido quebrada. Agradeceu o que
fizeram por ele e partiu em busca de sua família para contar o que havia acontecido.
A Garota da capa Azul II
O mistério da floresta encantada
Um ano depois... a garotinha que adorava
andar pela floresta para espairecer, vestindo uma capa azul, mudou-se para a
capital. Lá conseguiu estudar até concluir a faculdade de gastronomia.
Embora a vida na zona urbana fosse “mais
fácil”, sentia falta dos encantos da floresta onde vivia com sua avó. Por isso
conservou alguns dos seus antigos hábitos, inclusive o de usar uma capa azul.
Sempre que podia, passava um final de semana com sua avozinha para matar as
saudades. Em cada visita revivia as
lembranças marcadas no passado.
Dotada de criatividade e presa as suas
origens, pensou em abrir um restaurante bem no meio da floresta encantada. Impulsionada
pelo desejo de transformar a sua habitação no primeiro ponto turístico daquele
lugar, regressou. Para a sua surpresa não encontrou a avó em casa. A porta
estava entreaberta... entrou, olhou todo o ambiente, tomou banho, guardou suas
coisas e fez uma deliciosa sopa na esperança da vovó chegar para jantar.
Deitou-se na espreguiçadeira, adormeceu e só acordou no dia seguinte.Vendo que
Dona Benta não havia chegado, resolveu investigar. Percebeu que ela não levara
nada de casa. Então colocou a sua estimada capa azul e adentrou-se na floresta
para procurá-la. Não a encontrando, retornou.
Após alguns meses de busca, Safira, vencida
pela desesperança de encontrar a sua avó, resolveu se dedicar ao seu sonho
gastronômico.
Transformou a sua casa em um restaurante, ao
qual deu o nome de Benta’s Gourmet, em homenagem a sua avó que havia
desaparecido.
Certo dia, Safira foi a capital fazer
compras. Ao regressar, encontrou o seu estabelecimento revirado... portas e
móveis quebrados; despensa, geladeiras e armários inteiramente saqueados e
danificados.
Safira ficou perplexa diante daquele cenário
destruído. Mas não desanimou. Com a ajuda de profissionais qualificados
restaurou tudo o que havia sido misteriosamente quebrado. Depois de tudo
pronto, a garota da capa azul, entrou em contato com uma agência, a fim de
contratar alguns profissionais que pudessem ajudá-la a levar a sua empresa à
diante. Infelizmente como não havia profissionais disponíveis, entrou na fila
de espera.
Certo
dia, fora do expediente, alguém toca a campainha do estabelecimento de
Safira... Ao abrir a porta, Safira se depara com um moço alto, bonito e
sensual. Os olhares se encontraram e uma sensação de embriaguez tomou conta dos
dois. Safira tivera a forte impressão de conhecer aquele rapaz. Mas de onde? Não
lembrara. Em estado de êxtase, equivocadamente, o misterioso moço que nunca
pensara em exercer esse ofício, tornou-se o segurança do Benta’s Gourmet.
Safira entrou em contato com outras empresas
agenciadoras, em pouco tempo, a equipe de funcionários que precisava foi
formada.
O restaurante estava dando certo. E o
mistério da floresta encantada, aos poucos, ia sendo desbravado por turistas de
todas as partes do mundo.
Quando não havia expediente, Safira, como de
costume, colocava a sua capa azul e saía floresta adentro para espairecer. Em
um dos seus passeios, sentiu que alguém a seguia. Já estava anoitecendo,
amedrontada, apressou o passo. Sem perceber que havia um tronco a sua frente,
tropeçou e caiu. Ao bater a cabeça, desmaiou. Quando voltou a si, já estava em
casa, deitada em sua cama. Levantou-se, olhou-se no espelho e viu um curativo
na testa. Imaginou quem poderia tê-la ajudado... Ouviu um barulho que vinha do
porão, dirigiu-se para lá, foi surpreendida por passos que a seguia, olhou para
trás... era o segurança que disse-lhe ouvir o mesmo ruído e por isso estava
ali. Ambos foram até o porão.
Havia manchas com pegadas minúsculas no piso.
Deram-se as mãos e silenciosamente seguiram à diante. Havia um buraco na
parede. Miguel soltou lentamente a mão de Safira e aproximou-se. Algo saltou em
sua direção. Era um ser humano em miniatura, tão minúsculo... havia vários
deles... eram duendes! Estavam ali, segundo eles, procurando ingredientes para
fazerem um elixir a fim de salvar a vida da mãe da floresta, que se encontrava
gravemente enferma.
Comovidos com aquela história, Safira e
Miguel se propuseram a ajudar. Guiados pelos duendes chegaram a uma caverna
subterrânea. Lá estava a moribunda deitada em uma cama de folhas de palmeira.
Grande foi a surpresa de descobrir que a mãe da floresta, na verdade, era Dona
Benta, a avó desaparecida. Diante da cena, as emoções de Safira se misturaram:
felicidade por tê-la encontrado, tristeza por encontrá-la naquele estado.
Depois de muitas tentativas, conseguiram a fórmula
do elixir, salvaram a vida de Dona Benta e a levaram para casa.
A Garota da Capa Azul – III
A
revelação
Após desvendar o
mistério da floresta encantada, D. Benta revelou a sua neta que herdara dos seus ancestrais a missão de resguardar a
natureza.
Safira, admirada
com aquela revelação, indagou:
- Eu terei que
realizar essa missão também?
- Sim, filha –
respondeu a avó - . As mulheres da nossa família, quando são escolhidas, nascem
com o sinal da sabedoria cósmica.
Nesse momento, a
garota da capa azul, ficou pensativa e novamente perguntou:
- Mas como será
possível? Eu não tenho nenhuma pinta em meu corpo!
D. Benta,
pacientemente, explicou-lhe que o sinal da sabedoria cósmica não era visível;
todavia estava na parte superior do seu corpo, sob seus cabelos. Disse-lhe
ainda para não se preocupar, pois o que não poderia ser visto... poderia ser
sentido. No momento certo, ela entenderia a magia da missão que lhe foi
predestinada.
Enquanto Safira conversava com sua avó,
Miguel aproximou-se, informou que a lenha havia acabado e pediu permissão para
ir à procura. A jovem logo se ofereceu para acompanhá-lo. Colocou a capa azul e
na companhia do belo moço partiu floresta adentro.
A presença de Miguel era agradável a Safira. A
sensação de tê-lo conhecido antes, era muito forte, porém continuava sem
recordar de onde.
Safira fez uma
viagem através dos pensamentos. Fitou Miguel, procurando em cada parte do seu
corpo algo que lhe fosse familiar. Um enigma foi se formando na mente de Safira,
quando ela se deparou com uma cicatriz na testa do rapaz misterioso.
Enquanto se
abaixava para pegar lenha, um cisco caiu no olho de Safira. Miguel,
imediatamente, tirou um lenço do bolso, dobrou a pontinha e a livrou daquele
incômodo.
Ao ver o lenço, a
jovem espantou-se. Aquele quadrado de pano lhe pertencia, há muitos anos atrás;
mas como ele poderia estar com Miguel?
A partir dali,
Safira começou a encaixar as peças do quebra-cabeça: aquele jovem misterioso
era o lobisomem que conhecera na infância.
Várias
interrogações se formaram na mente de Safira: “Por que ele regressou? Por que
escondeu a sua identidade? Por que é tão dedicado ...? Por que eu me sinto tão
atraída por ele?”
Ao cair da noite, terminado o trabalho de
catar madeira, acenderam as lanternas e retornaram para casa. Safira mergulhada
em seus pensamentos, não pronunciou uma só palavra durante todo o trajeto até
chegar ao restaurante. Miguel, estranhando o silêncio da jovem, perguntou-lhe o
que havia acontecido. A mesma permaneceu calada.
Após depositarem a
lenha no local específico, Safira retirou-se sem dizer nada.
Miguel intrigado
com aquela atitude inusitada, correu atrás da moça, puxou-lhe a mão e perguntou:
- O que houve? Por
que mudou assim tão de repente?
Safira olhando
profundamente em olhos quebrou o silêncio:
-Posso ver o lenço?
O rapaz hesitou.
Fez de conta que não havia entendido. Mas depois de alguns minutos, não vendo
outra saída, entregou-lhe o lenço.
Safira abriu o
lenço branco, vendo o seu nome bordado, perguntou ao moço:
- Por que está
aqui?
Miguel pegou, delicadamente, as mãos de
Safira, fitou-lhe o olhar e a beijou.
Aluna:
Clívia Adriele dos Santos
Série:
8º ano A
Escola Municipal São Vicente de Paulo
Professora: Josenilda Lopes