quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Reconto: A garota da capa azul aluna da Escola Municipal São Vicente de Paulo.


Clívia Adriele dos Santos. Nasci em Paulo Afonso, Bahia, onde resido atualmente. Tenho 14 anos, sou aluna do 9º ano da Escola Municipal São Vicente de Paulo. Desde a primeira infância adorava manusear, visualizar e decifrar livros de diferentes formas e tamanhos, constassem neles textos verbais ou não verbais. O meu gosto pela leitura e escrita aumentou a partir das séries iniciais, sob o estímulo das professoras de língua portuguesa e redação. Para mim a leitura é um entretenimento que me faz viajar pelo maravilhoso mundo da fantasia... hoje não só leio, mas produzo os meus próprios textos.
         “Adoro tudo aquilo que me tira da realidade!” A Garota da Capa Azul é um conto inspirado no clássico: Chapeuzinho Vermelho. Relata a história de Safira que mora com sua avó em uma floresta cheia de enigmas e criaturas mágicas. Dentre os capítulos produzidos, embora apresentem desfecho, há sempre uma margem para a criação de uma nova série. Afinal de contas... para a imaginação não há limites!



A garota da capa azul

A criatura horripilante

   Era uma vez... uma garota órfã, chamada Safira. A mesma morava com sua avó numa floresta, situada nas proximidades da cidade de Trier na Alemanha. A região onde elas habitavam havia poucos moradores, porém, muitas criaturas enigmáticas.
   Safira também era uma garota misteriosa, pois para viver ali naquele lugar tão sombrio, não poderia ser diferente. Não tinha medo de nada. Passeava sozinha pela floresta.
   A garota tinha hábitos bem estranhos. Ela saía de casa repetidamente apenas no sexto dia de cada semana, para espairecer. Antes de sair para passear, vestia uma capa azul que ganhara da sua avozinha no dia em que completou 10 anos de idade.
   Há três anos, Safira vem seguindo esse ritual estranho de não sair sem sua capa.
   Em um dia chuvoso e com muita neblina, a garota da capa azul preparou uma lancheira, e como de costume partiu para o passeio. No meio do caminho, Safira escorregou e machucou o tornozelo. Sentido muita dor, ela percebeu que não poderia ir adiante, resolveu voltar para casa. Com dificuldade voltou mancando, de vez em quando sentava- se em uma pedra para descansar e aliviar um pouco o incômodo da dor. De repente, do interior da mata, ouve-se um forte uivo. A menina assustou-se e sem poder correr, escondeu-se atrás de uma enorme pedra que ali havia. Ficou na  expectativa querendo descobrir do que se tratava. Uma sombra gigante espalhou-se a sua frente. Pela primeira vez teve medo, mas conteve o desespero e ficou quietinha, observando e pensando no que faria para escapar daquela situação.
   A sombra era de um lobisomem. Aquele ser estava cansado e encostou-se na pedra onde Safira estava escondida. A garota da capa azul ao ver um pedaço de madeira, não pensou duas vezes, pegou-o e deu-lhe uma paulada na cabeça. Bateu-lhe com tanta força que sangrou. A horripilante criatura caiu desacordada. Safira aproveitou a oportunidade e mesmo mancando fugiu para a sua casa. Chegando em sua residência, contou tudo para a vovozinha.
   A avó de Safira, uma senhora muito experiente, logo deduziu que se tratava de um ser humano amaldiçoado, pois não era comum transformar-se em lobisomem em plena luz do dia, mas apenas nas noites de sexta-feira. Pediu a neta que a levasse até o local onde tudo ocorreu. Chegando lá, o lobisomem havia sido transfigurado na imagem de um belo moço. Ainda desacordado, a avó verificou o ferimento na cabeça do desconhecido com a ajuda da neta, conseguiu arrastá-lo até em casa para cuidar do machucado.
   A avó de Safira sabia que graças ao sangramento provocado pela paulada o feitiço havia sido desfeito.
   Quando o moço acordou percebeu que a maldição havia sido quebrada. Agradeceu   o que fizeram por ele e partiu em busca de sua família para contar      o  que havia acontecido.

A Garota da capa Azul II

               O mistério da floresta encantada


  Um ano depois... a garotinha que adorava andar pela floresta para espairecer, vestindo uma capa azul, mudou-se para a capital. Lá conseguiu estudar até concluir a faculdade de gastronomia.
  Embora a vida na zona urbana fosse “mais fácil”, sentia falta dos encantos da floresta onde vivia com sua avó. Por isso conservou alguns dos seus antigos hábitos, inclusive o de usar uma capa azul. Sempre que podia, passava um final de semana com sua avozinha para matar as saudades. Em cada visita  revivia as lembranças marcadas no passado.
  Dotada de criatividade e presa as suas origens, pensou em abrir um restaurante bem no meio da floresta encantada. Impulsionada pelo desejo de transformar a sua habitação no primeiro ponto turístico daquele lugar, regressou. Para a sua surpresa não encontrou a avó em casa. A porta estava entreaberta... entrou, olhou todo o ambiente, tomou banho, guardou suas coisas e fez uma deliciosa sopa na esperança da vovó chegar para jantar. Deitou-se na espreguiçadeira, adormeceu e só acordou no dia seguinte.Vendo que Dona Benta não havia chegado, resolveu investigar. Percebeu que ela não levara nada de casa. Então colocou a sua estimada capa azul e adentrou-se na floresta para procurá-la. Não a encontrando, retornou.
  Após alguns meses de busca, Safira, vencida pela desesperança de encontrar a sua avó, resolveu se dedicar ao seu sonho gastronômico.
  Transformou a sua casa em um restaurante, ao qual deu o nome de Benta’s Gourmet, em homenagem a sua avó que havia desaparecido.
  Certo dia, Safira foi a capital fazer compras. Ao regressar, encontrou o seu estabelecimento revirado... portas e móveis quebrados; despensa, geladeiras e armários inteiramente saqueados e danificados.
  Safira ficou perplexa diante daquele cenário destruído. Mas não desanimou. Com a ajuda de profissionais qualificados restaurou tudo o que havia sido misteriosamente quebrado. Depois de tudo pronto, a garota da capa azul, entrou em contato com uma agência, a fim de contratar alguns profissionais que pudessem ajudá-la a levar a sua empresa à diante. Infelizmente como não havia profissionais disponíveis, entrou na fila de espera.
Certo dia, fora do expediente, alguém toca a campainha do estabelecimento de Safira... Ao abrir a porta, Safira se depara com um moço alto, bonito e sensual. Os olhares se encontraram e uma sensação de embriaguez tomou conta dos dois. Safira tivera a forte impressão de conhecer aquele rapaz. Mas de onde? Não lembrara. Em estado de êxtase, equivocadamente, o misterioso moço que nunca pensara em exercer esse ofício, tornou-se o segurança do Benta’s Gourmet.
  Safira entrou em contato com outras empresas agenciadoras, em pouco tempo, a equipe de funcionários que precisava foi formada.
  O restaurante estava dando certo. E o mistério da floresta encantada, aos poucos, ia sendo desbravado por turistas de todas as partes do mundo.
  Quando não havia expediente, Safira, como de costume, colocava a sua capa azul e saía floresta adentro para espairecer. Em um dos seus passeios, sentiu que alguém a seguia. Já estava anoitecendo, amedrontada, apressou o passo. Sem perceber que havia um tronco a sua frente, tropeçou e caiu. Ao bater a cabeça, desmaiou. Quando voltou a si, já estava em casa, deitada em sua cama. Levantou-se, olhou-se no espelho e viu um curativo na testa. Imaginou quem poderia tê-la ajudado... Ouviu um barulho que vinha do porão, dirigiu-se para lá, foi surpreendida por passos que a seguia, olhou para trás... era o segurança que disse-lhe ouvir o mesmo ruído e por isso estava ali. Ambos foram até o porão.
  Havia manchas com pegadas minúsculas no piso. Deram-se as mãos e silenciosamente seguiram à diante. Havia um buraco na parede. Miguel soltou lentamente a mão de Safira e aproximou-se. Algo saltou em sua direção. Era um ser humano em miniatura, tão minúsculo... havia vários deles... eram duendes! Estavam ali, segundo eles, procurando ingredientes para fazerem um elixir a fim de salvar a vida da mãe da floresta, que se encontrava gravemente enferma.
  Comovidos com aquela história, Safira e Miguel se propuseram a ajudar. Guiados pelos duendes chegaram a uma caverna subterrânea. Lá estava a moribunda deitada em uma cama de folhas de palmeira. Grande foi a surpresa de descobrir que a mãe da floresta, na verdade, era Dona Benta, a avó desaparecida. Diante da cena, as emoções de Safira se misturaram: felicidade por tê-la encontrado, tristeza por encontrá-la naquele estado.
  Depois de muitas tentativas, conseguiram a fórmula do elixir, salvaram a vida de Dona Benta e a levaram para casa.

A Garota da Capa Azul – III

 A revelação
  
    Após desvendar o mistério da floresta encantada, D. Benta revelou a sua neta que herdara  dos seus ancestrais a missão de resguardar a natureza.
    Safira, admirada com aquela revelação, indagou:
    - Eu terei que realizar essa missão também?
    - Sim, filha – respondeu a avó - . As mulheres da nossa família, quando são escolhidas, nascem com o sinal da sabedoria cósmica.
    Nesse momento, a garota da capa azul, ficou pensativa e novamente perguntou:
    - Mas como será possível? Eu não tenho nenhuma pinta em meu corpo!
    D. Benta, pacientemente, explicou-lhe que o sinal da sabedoria cósmica não era visível; todavia estava na parte superior do seu corpo, sob seus cabelos. Disse-lhe ainda para não se preocupar, pois o que não poderia ser visto... poderia ser sentido. No momento certo, ela entenderia a magia da missão que lhe foi predestinada.
    Enquanto Safira conversava com sua avó, Miguel aproximou-se, informou que a lenha havia acabado e pediu permissão para ir à procura. A jovem logo se ofereceu para acompanhá-lo. Colocou a capa azul e na companhia do belo moço partiu floresta adentro.
    A presença de Miguel era agradável a Safira. A sensação de tê-lo conhecido antes, era muito forte, porém continuava sem recordar de onde.
    Safira fez uma viagem através dos pensamentos. Fitou Miguel, procurando em cada parte do seu corpo algo que lhe fosse familiar. Um enigma foi se formando na mente de Safira, quando ela se deparou com uma cicatriz na testa do rapaz misterioso.
    Enquanto se abaixava para pegar lenha, um cisco caiu no olho de Safira. Miguel, imediatamente, tirou um lenço do bolso, dobrou a pontinha e a livrou daquele incômodo.
    Ao ver o lenço, a jovem espantou-se. Aquele quadrado de pano lhe pertencia, há muitos anos atrás; mas como ele poderia estar com Miguel?
    A partir dali, Safira começou a encaixar as peças do quebra-cabeça: aquele jovem misterioso era o lobisomem que conhecera na infância.
    Várias interrogações se formaram na mente de Safira: “Por que ele regressou? Por que escondeu a sua identidade? Por que é tão dedicado ...? Por que eu me sinto tão atraída por ele?”
    Ao cair da noite, terminado o trabalho de catar madeira, acenderam as lanternas e retornaram para casa. Safira mergulhada em seus pensamentos, não pronunciou uma só palavra durante todo o trajeto até chegar ao restaurante. Miguel, estranhando o silêncio da jovem, perguntou-lhe o que havia acontecido. A mesma permaneceu calada.
    Após depositarem a lenha no local específico, Safira retirou-se sem dizer nada.
    Miguel intrigado com aquela atitude inusitada, correu atrás da moça, puxou-lhe a mão e perguntou:
    - O que houve? Por que mudou assim tão de repente?
    Safira olhando profundamente em olhos quebrou o silêncio:
    -Posso ver o lenço?
    O rapaz hesitou. Fez de conta que não havia entendido. Mas depois de alguns minutos, não vendo outra saída, entregou-lhe o lenço.
    Safira abriu o lenço branco, vendo o seu nome bordado, perguntou ao moço:
    - Por que está aqui?
    Miguel pegou, delicadamente, as mãos de Safira, fitou-lhe o olhar e a beijou.
   

Aluna: Clívia Adriele dos Santos
Série: 8º ano A
Escola Municipal São Vicente de Paulo
Professora: Josenilda Lopes

10 comentários:

  1. Excelente produção. As escolas estão no caminho certo. O incentivo a leitura é o melhor caminho para a qualidade na educação.

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  2. Que história mais linda, empolgante, romântica, misteriosa, inspiradora
    Não tenho palavras pra explicar o quanto eu estou apaixonada por esta escrita e quanto estou admirada por esta escritora PS: já sou fã de carteirinha 👏👏❤

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  3. Através de produções como essa percebemos que a escola tem, dentre outras, uma das portas abertas para o mundo da leitura, levando a uma estrada infinita pelos caminhos da criatividade. Parabéns pela produção!!

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  4. Deus abençoe você, minha linda menina!

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  5. Muito interessante o enredo! Vi tem talento

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  6. Parabéns, Clívia!Excelente texto w bem cruativo. Que Deus continue iluminando sua mente pra outras criações.

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  7. Parabéns Clivia!
    Que Deus te abençoe e te inspire cada vez mais.

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  8. Parabéns, amiga! Que você conquiste muitas vitórias com seu talento para escrita, e que Deus te abençoe muito.♡

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  9. Parabéns, você tem muito talento com a escrita. História de misterios e encantos....

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